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segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

O amor é um jogo tramado


O amor é um jogo. É como investir na bolsa. É um jogo só para quem pode e sabe jogar. No fim, apenas acabam por manter-se em jogo aqueles que se podem dar ao luxo de perder. Os restantes vêm e vão, porque ou jogam a medo ou fazem all-in ao mais pequeno pressentimento. Toda a gente sabe que quem joga a medo está destinado a perder, como também o estão aqueles que colocam todas as fichas no mesmo número. E neste jogo, a quem perde tudo não resta solução do que o exílio para uma vida de rancor e solidão. Acocorando-se dentro do seu pequeno casulo, conscientes de terem sido roubados do mais íntimo resto de si, com medo que o céu lhes caia em cima sem qualquer aviso.

A maior parte de nós sabe que por não saber jogar ao mais alto nível, pode ser atingido por alguém mais treinado na arte da duplicação das suas caras ou dos seus corações. E que podem, sem disso dar conta, acabar por entregar uma parte de si que pode vir a revelar-se muito difícil de voltar a recuperar. Uma parte que pode ser levada daqui para bem longe, sem dó nem piedade, enquanto o outro passa de irmão a vencedor, e se retira em busca de um novo planeta para secar.

O amor é um jogo tramado, porque só pode ser jogado por doidos ou apaixonados. Não é para quem não tem nada a perder, porque quem não tem nada, não tem nada para apostar. É só para quem não tem medo de arriscar mesmo. Para quem é meio atirado e não se importa de pôr o pé na tábua na autoestrada. Para quem sabe ter a calma necessária para pensar com a cabeça fria e contar consigo mesmo para enfrentar o risco de perder. E para quem sabe dar de si apenas o necessário para corresponder mas não o suficiente para ficar-se vazio de todo. O amor é um jogo de doidos varridos porque não é fácil aguentar-se a pressão de quem dá e poupa ao mesmo tempo. É só para os que conseguem jogar sem vertigens, como se não soubessem o perto que estão daquela guilhotina voadora e caprichosa capaz de a qualquer momento levar para bem longe todo e qualquer vestígio de nós mesmos, deixando apenas para trás o fantasma do que antes fomos.

Por isso, se alguma vez perderem neste jogo, não entreguem os pontos todos: fujam, desapareçam. Deixem crescer uma barba e comecem do zero noutro lugar qualquer, de preferência bem longe daquele que outrora foi a vossa casa. Deixem que os outros fantasmas se esqueçam da vossa existência, e apenas voltem, depois de isso acontecer. Para que um dia possam finalmente voltar a ir a jogo, depois de a cabeça e o coração voltarem a cair no seu devido lugar.
JAO

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