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quarta-feira, 31 de outubro de 2012

coisas simples


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Saí de casa no dia seguinte da manhã, calcorreando os caminhos que atravessam o pinhal em direção ao centro da pequena e abastada cidade veraneante de Pinamar. Apesar de o verão do hemisfério Sul estar a chegar ao fim, aquela manhã prometia mais um dia quente e ensolarado. 
           Assim que cheguei ao centro da vila, voltei-me para a praia e entrei pela areia adentro, aproximando-me da espreguiçadeira de uma das sombras que ficam mesmo em frente a um dos restaurantes do areal. Pousei o saco que trazia comigo e ali fiquei parado durante uns momentos, observando a calma dança a que tudo parecia obedecer àquela hora da manhã. As aves madrugadoras que cruzavam a areia ainda lisa e intocada, o ar fresco que eu quase podia tocar, e o som das ondas que ao longe quebravam. O mar que, como eu, já tinha perdido muita da sua raiva, mas ainda tinha muito para dizer, com fortes chicotadas na areia a rasgarem o silêncio que dominava o areal.
           É engraçado como na praia de manhã encontramos sobretudo velhos e crianças pequenas, como se tanto uns como outros fossem os únicos a fazer questão de estar ali à hora certa. Pergunto-me se não serão os hábitos impuros da vida adulta que nos mancham a visão, de tal maneira que apenas deixemos de reparar nas coisas simples. Se assim for, faz todo sentido que a partir de certa idade sucumbamos a esses mesmos hábitos, ficando pelo caminho, ou que vencendo-os, retornemos à inocência para que afinal sempre estivemos programados. Fosse como fosse, era ali que eu queria ficar. 
           Depois, folheei brevemente os cadernos e os apontamentos que tinha deixado do dia anterior, e voltei a mergulhar na minha carta, relembrando o dia em que cheguei a este meu mundo novo.
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