Mensagens populares

acompanhe no Facebook

segunda-feira, 23 de julho de 2012

primeiro dia em Pinamar



Depois de duas curtas paragens pelo caminho, cheguei a Pinamar ao início da tarde. É uma casa em madeira, toda pintada de um branco-azul e com um telhado escuro. Tem quatro quartos e um pé direito baixo, e fica aconchegada entre as dunas cravadas de pinheiros, mesmo em frente à praia. Está de tal maneira cercada pela vegetação e pelas dunas que passa facilmente despercebida para quem passeia do lado do mar.
Entrei pela porta da frente e atravessei-a por dentro. Passei pela sala e abri as portadas do alpendre coberto que fica virado para o areal, do lado de lá da casa. Depois de as abrir, fiquei algum tempo ali parado, a olhar através da sala e do alpendre para longe, sentindo o ar que entrou por ali adentro, como se naquela sala se tivesse instalado de repente um espírito cheirando a maresia. Já tinha saudades daquela praia voltada a Oriente, onde a areia fica mais branca ao entardecer, o mar praticamente da cor do céu e a espuma de um branco cor de neve. Deixei cair o saco de viagem no chão, pousei as chaves na mesinha que fica em frente do sofá, e fui imediatamente a um dos quartos que serve de escritório buscar uma mesa para escrever. Com a ansiedade que tinha para começar, afastei tudo de cima daquela pequena secretária: o forro em pele, o suporte com a minha coleção de canetas Montblanc, e a pilha de revistas de surf que sempre ali estiveram, desde o primeiro dia, enchendo um dos cantos numa espécie de grito de independência veraneante. A custo, lá consegui arrastar a mesa para a sala colocando-a mesmo por baixo do vão que separa a sala do alpendre entre as duas portadas recolhidas dos lados. Depois, tirei o maço de cadernos da mala, preparei dois litros de mazagran, pus a tocar um disco do Miles Davis, e ali fiquei, numa escrita febril e silenciosa, até ao anoitecer.

Sem comentários:

Enviar um comentário